Patricia Peck é advogada especialista em Direito Digital Como as companhias devem lidar com o uso da mídia social por parte dos colaboradores?
Que tipo de informação as companhias brasileiras postam no Twitter? São dois tipos de abordagens no microblog: há empresas que possuem presença direta, como um canal oficial, postando as mesmas informações que poderiam ser encontradas no site corporativo. Outro caminho é agir através de um interlocutor - por exemplo, o diretor de RI, de Comunicação, de SAC -, que publica comentários e opiniões sobre a companhia. Neste caso o tom é mais de ordem pessoal, de alguém que se coloca à disposição para interagir com os demais, tirar dúvidas e indicar o acesso do site da empresa para complemento das informações. Há uma intenção de ir até onde o potencial investidor está, mas deve-se ter muito cuidado para não parecer forçado, pedante, e assim a comunicação provocar uma reação negativa. As empresas devem estar atentas quando fizerem uso de ambientes de redes sociais para não gerarem confusão no público-alvo da empresa, sejam investidores, colaboradores ou clientes.
AbordagemA informação deve ser consistente, quer seja com uma abordagem corporativa ou com uma personalíssima. Afinal, é uma informação por escrito que compromete sempre a empresa. Deve-se evitar "achismos", informações desencontradas e não oficiais. Dicas e recomendações mais direcionadas a determinados públicos é um bom complemento, pois em um ambiente de rede social pode-se assumir um tom mais relacionado com determinado público-alvo.
Como exemplo, pense numa empresa que deseja atrair um estudante universitário ou um investidor estrangeiro. Ela poderá utilizar linguagens distintas para cada um, até mesmo imagens e cores, mas o conteúdo tem que ser o mesmo no sentido financeiro (não pode haver previsões distintas de crescimento, mas é possível enfocar temáticas diferentes para proporcionar maior interatividade).Toda mídia tem seus riscos. No caso desses ambientes, o principal risco está relacionado à exposição em si, à própria interatividade. Se a empresa lidar com o consumidor final, em um mercado no qual é comum haver contencioso judicial, ela deve estar preparada para encontrar reações negativas diante de sua presença em redes sociais, bem como para saber lidar com os ambientes mais ofensivos, que extrapolam os limites da liberdade de expressão e do direito de reclamação do consumidor (ingressamos aqui no abuso de direito previsto no artigo 187 do Código Civil).
Riscos à reputaçãoDeve-se preparar bem os cenários e os discursos, pois, havendo uma situação de incidente de imagem e risco de reputação, é necessário agir rapidamente. Não há tempo para fazer reuniões de alta direção. Caso contrário, o problema se espalha rápido, inclusive os boatos eletrônicos. Isso torna necessário ter um plano de ação que preveja não só o que a empresa quer comunicar, mas o que não quer falar e o que ela terá de informar se alguém se referir a ela de modo negativo.Além disso, a empresa deve estar preparada para o fato de que é possível alguém criar um perfil falso com o nome da companhia ou de algum de seus executivos.
Já tivemos casos relacionados a clientes que foram resolvidos rapidamente no Twitter. Mas, assim como em outros ambientes de redes sociais, já não se responde prontamente à solicitação de exclusão do perfil falso via notificação extrajudicial. E o Twitter não tem representação legal no Brasil, o que faz com que uma medida legal deva ser ajuizada diretamente nos EUA (São Francisco) para ser mais eficaz. Ajuizar no Brasil pode levar 12 meses só para distribuir a solicitação de citação para Justiça Americana (carta rogatória). A empresa deve refletir sobre o quanto a internet pode impactar a opinião de seus stakeholders. Nesse sentido, é melhor estar dentro do que fora dela. É melhor estar presente e combater informação com informação, pois é muito comum quem participa de uma rede social não visitar o site da empresa. O internauta pode, aliás, usar a presença em um Twitter para ensinar esse hábito, de se encontrar a informação da empresa no site da mesma.
Fonte:
http://idgnow.uol.com.br/mercado/digitalis/idgcoluna.2009-11-26.6242733689
Que tipo de informação as companhias brasileiras postam no Twitter? São dois tipos de abordagens no microblog: há empresas que possuem presença direta, como um canal oficial, postando as mesmas informações que poderiam ser encontradas no site corporativo. Outro caminho é agir através de um interlocutor - por exemplo, o diretor de RI, de Comunicação, de SAC -, que publica comentários e opiniões sobre a companhia. Neste caso o tom é mais de ordem pessoal, de alguém que se coloca à disposição para interagir com os demais, tirar dúvidas e indicar o acesso do site da empresa para complemento das informações. Há uma intenção de ir até onde o potencial investidor está, mas deve-se ter muito cuidado para não parecer forçado, pedante, e assim a comunicação provocar uma reação negativa. As empresas devem estar atentas quando fizerem uso de ambientes de redes sociais para não gerarem confusão no público-alvo da empresa, sejam investidores, colaboradores ou clientes.
AbordagemA informação deve ser consistente, quer seja com uma abordagem corporativa ou com uma personalíssima. Afinal, é uma informação por escrito que compromete sempre a empresa. Deve-se evitar "achismos", informações desencontradas e não oficiais. Dicas e recomendações mais direcionadas a determinados públicos é um bom complemento, pois em um ambiente de rede social pode-se assumir um tom mais relacionado com determinado público-alvo.
Como exemplo, pense numa empresa que deseja atrair um estudante universitário ou um investidor estrangeiro. Ela poderá utilizar linguagens distintas para cada um, até mesmo imagens e cores, mas o conteúdo tem que ser o mesmo no sentido financeiro (não pode haver previsões distintas de crescimento, mas é possível enfocar temáticas diferentes para proporcionar maior interatividade).Toda mídia tem seus riscos. No caso desses ambientes, o principal risco está relacionado à exposição em si, à própria interatividade. Se a empresa lidar com o consumidor final, em um mercado no qual é comum haver contencioso judicial, ela deve estar preparada para encontrar reações negativas diante de sua presença em redes sociais, bem como para saber lidar com os ambientes mais ofensivos, que extrapolam os limites da liberdade de expressão e do direito de reclamação do consumidor (ingressamos aqui no abuso de direito previsto no artigo 187 do Código Civil).
Riscos à reputaçãoDeve-se preparar bem os cenários e os discursos, pois, havendo uma situação de incidente de imagem e risco de reputação, é necessário agir rapidamente. Não há tempo para fazer reuniões de alta direção. Caso contrário, o problema se espalha rápido, inclusive os boatos eletrônicos. Isso torna necessário ter um plano de ação que preveja não só o que a empresa quer comunicar, mas o que não quer falar e o que ela terá de informar se alguém se referir a ela de modo negativo.Além disso, a empresa deve estar preparada para o fato de que é possível alguém criar um perfil falso com o nome da companhia ou de algum de seus executivos.
Já tivemos casos relacionados a clientes que foram resolvidos rapidamente no Twitter. Mas, assim como em outros ambientes de redes sociais, já não se responde prontamente à solicitação de exclusão do perfil falso via notificação extrajudicial. E o Twitter não tem representação legal no Brasil, o que faz com que uma medida legal deva ser ajuizada diretamente nos EUA (São Francisco) para ser mais eficaz. Ajuizar no Brasil pode levar 12 meses só para distribuir a solicitação de citação para Justiça Americana (carta rogatória). A empresa deve refletir sobre o quanto a internet pode impactar a opinião de seus stakeholders. Nesse sentido, é melhor estar dentro do que fora dela. É melhor estar presente e combater informação com informação, pois é muito comum quem participa de uma rede social não visitar o site da empresa. O internauta pode, aliás, usar a presença em um Twitter para ensinar esse hábito, de se encontrar a informação da empresa no site da mesma.
Fonte:
http://idgnow.uol.com.br/mercado/digitalis/idgcoluna.2009-11-26.6242733689